Redução das colônias de abelhas representa ameaça aos seres vivos
Nairóbi sedia debate sobre polinização para agricultura sustentável
As abelhas estão entre os principais polinizadores do planeta. Sua extinção pode ameaçar também a sobrevivência do homem. Em algumas partes do mundo, estudiosos do assunto já confirmam a redução de colônias entre 30% e 70%, indício de que todas as espécies estão ameaçadas. Cientistas classificam o fenômeno da redução dessas populações de desordem de colapso da colônia (colony collapse disorder), significando sérios prejuízos para a biodiversidade, a produção de alimentos e a economia em geral.
Polinizadores, como as abelhas e outros insetos e animais, representam um dos mecanismos essenciais à manutenção e promoção da biodiversidade no planeta, pois é somente após a polinização que as plantas formam frutos e sementes, fontes da sua própria reprodução. A importância desses polinizadores será o tema do V Seminário de Política destinadas a Resolver as Carências de Polinização (Fifth Policy Workshop on Addressing Pollination Deficits), que acontecerá em Nairóbi, Quênia, de 23 a 25 de setembro de 2013.
Dependência
De acordo com pesquisadores, mais de 75% das espécies agricultáveis que alimentam o mundo e muitas das plantas utilizadas pela indústria farmacêutica dependem da polinização para produzir frutos e sementes. Além disso, a manutenção da diversidade de polinizadores contribui para a manutenção da diversidade de alimentos e a qualidade de vida, em todos os seus estágios.
De acordo com a gerente de Projeto do Departamento de Conservação da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Daniela América Oliveira, a reunião de trabalho, denominada “Fifth Policy Workshop on Addressing Pollination Deficits”, será realizada no âmbito Programa das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) outros organismos multilaterais. O objetivo do seminário é avaliar a aplicação do protocolo sobre conservação e manejo de polinizadores para uma agricultura sustentável, numa abordagem ecossistêmica, que integra o Projeto Global de Polinização, atualmente em execução em sete países – Brasil, Gana, Índia, Quênia, Nepal, Paquistão e África do Sul.
Capacidades
A oficina no país africano reunirá um pequeno grupo de pessoas envolvidas tanto na aplicação do protocolo de déficit de polinização quanto na tomada de decisão política dos países participantes, pessoas que trabalham com os povos indígenas, especialistas internacionais e em política. O seminário visa melhorar a interface ciência, política e conhecimento em serviços de polinização para ajudar os países executores do Projeto Global de Polinização, visando a aplicação de um protocolo que permita avaliar os déficits de polinização, desenvolvam capacidades para detectar tendências e indicações de déficits de polinização e facilitem a identificação, mapeamento, modelagem e análise de opções de ação em zonas atingidas por tais déficits.
O trabalho proposto permitirá a construção de capacidades de avaliação da interface ciência e política para um serviço ecossistêmico específico de relevância para o futuro trabalho do recém criado Painel Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços de Ecossistemas (IPBES). “Pretende-se, com este esforço, extrair lições aprendidas com a construção de uma interface ciência e política relacionada com serviços ecossistêmicos e acordos de cooperação entre instituições e países”, afirma Daniela Oliveira.
A Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) estabeleceu a Iniciativa Internacional para Conservação e Uso Sustentável de Polinizadores com a finalidade de promover uma ação mundial coordenada. Entre os princípios estão objetivos como monitorar o declínio de polinizadores, sua causa e seu impacto sobre os serviços de polinização; suprir a falta de informações taxonômicas sobre polinizadores; avaliar os valores econômicos da polinização e do impacto do declínio dos serviços de polinização; e promover a conservação, restauração e uso sustentável da diversidade de polinizadores na agricultura e ecossistemas relacionados.
As iniciativas estão em andamento nos sete países selecionados pela FAO desde março de 2010, terá duração de cinco anos e um orçamento total de US$ 12 milhões (cerca de R$ 26,4 milhões), sendo US$ 3,5 milhões destinados ao Brasil para apoiar projetos de pesquisa em polinização e polinizadores de sete culturas agrícolas (algodão, caju, canola, castanha do Brasil, maçã, melão e tomate), com intensiva coleta de dados em campo, seguindo o protocolo déficit de polinização e de monitoramento de polinizadores definidos para o projeto global e adaptados localmente.