• 19 de julho de 2024
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
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Relatório da ONU aponta que mudanças globais críticas aceleram crise ambiental

Pnuma afirma que frente à soma de crises globais, mundo deve adotar abordagem prospectiva para proteger saúde humana e planetária; levantamento destaca oito alterações globais críticas, como degradação ambiental e avanço da IA, que amplificam a crise climática, perda de biodiversidade e poluição.


Mudanças ambientais, tecnológicas e sociais alteram a saúde humana e planetária. Por isso, de acordo com um novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, o mundo deve melhorar o acompanhamento e a resposta a uma série de desafios emergentes.


O estudo divulgado nesta terça-feira identifica oito mudanças globais críticas que estão acelerando a tripla crise planetária de mudança climática, perda de natureza e biodiversidade e poluição e resíduos.


Oito aceleradores da crise ambiental
As mudanças incluem a degradação da natureza pela humanidade, o rápido desenvolvimento de tecnologias como a IA, a competição por recursos naturais, o aumento das desigualdades e a diminuição da confiança nas instituições.


Segundo o levantamento, essas transformações estão criando uma crise múltipla, amplificando, acelerando e sincronizando questões críticas globais, com enormes implicações para o bem-estar humano e planetário.


Dezoito sinais de alteração acompanhantes, identificados por centenas de especialistas globais, oferecem uma visão mais profunda das possíveis disfunções, tanto positivas quanto negativas, para as quais o mundo deve se preparar.


Para a diretora executiva do Pnuma, Inger Andersen, este é o momento antecipar e criar proteções contra desafios emergentes. Ela avalia que rápidas mudanças em um contexto de turbulência geopolítica significam que qualquer país pode ser desviado de seu curso mais facilmente e com mais frequência.


Segundo Andersen, ao monitorar sinais de mudança e usar a abordagem de prospectiva delineada neste relatório, “o mundo pode evitar repetir os erros do passado e se concentrar em soluções que possam resistir às futuras interrupções.”


Sinais de mudança
As principais alterações e sinais de mudança delineados no relatório incluem a demanda por elementos de terras raras, minerais e metais críticos para alimentar a transição para o zero líquido que deverá quadruplicar até 2040. Essa realidade aumenta os apelos por mineração em alto-mar e até mesmo mineração espacial.


O relatório indica que isso representa potenciais ameaças à natureza e à biodiversidade, pode aumentar a poluição e os resíduos, e provocar mais conflitos.


Além disso, o relatório aponta que com o derretimento do permafrost, organismos antigos que podem ser patogênicos podem ser liberados, resultando em grandes impactos ambientais, animais e humanos. Esse fenômeno já levou a um surto de antraz na Sibéria.


De acordo com o estudo, embora a IA e a transformação digital possam trazer benefícios, há implicações ambientais, como aumento da demanda por minerais críticos e elementos de terras raras e recursos hídricos para atender às demandas de centros de dados.


O uso da inteligência artificial em sistemas de armas e aplicações militares, e o desenvolvimento da biologia sintética, precisam ser cuidadosamente revisados através de uma lente ambiental.


Conflitos e deslocamentos
O Pnuma lembra que com o aumento de conflitos armados e violência gera mais degradação do ecossistema e poluição, levando a repercussões para populações vulneráveis.


O deslocamento forçado também aumenta os impactos na saúde humana e no meio ambiente. Uma em cada 69 pessoas está agora deslocada à força, quase o dobro dos números de uma década atrás. Conflito e mudança climática são os principais motores.


Adotando a prospectiva
No entanto, o relatório conclui que o uso de ferramentas de prospectiva pode ajudar o mundo a antecipar e se preparar para os próximos desafios emergentes e futuras rupturas.


O relatório recomenda a adoção de um novo contrato social que envolva uma gama diversificada de partes interessadas, incluindo povos indígenas, dar aos jovens uma voz mais forte e repensar as medidas de progresso para ir além do Produto Interno Bruto.


Governos e sociedades também podem introduzir metas e indicadores de curto prazo que permitam uma governança mais ágil.


A proposta é que sejam implementadas ferramentas e ações para reconfigurar os sistemas financeiros e redirecionar fluxos de capital para ajudar a reduzir as desigualdades, erradicar a pobreza extrema e abordar crises ambientais.


O relatório ainda apoia a criação de uma governança ágil e adaptativa, isso inclui integrar e melhorar o monitoramento sobre mudanças ambientais e tornar os dados e conhecimentos mais acessíveis.

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