Manutenção de políticas atuais levará o aumento da temperatura a 3,1°C até o fim do século, trazendo à tona o pior das alterações climáticas; emissão de gases do efeito estufa bateu recorde; ONU defende cortes anuais de 9% para manter limite de 1,5°C, como acordado em Paris.
O mundo está no rumo de um aumento “catastrófico” da temperatura de 3,1°C. O relatório “Chega de ar quente, por favor” divulgado nesta quinta-feira, defende uma redução de 42% das emissões anuais de gases do efeito estufa até 2030 e de 57% até 2035 para manter viva a meta de 1,5°C, definida no Acordo de Paris, em 2015.
O levantamento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, ressalta a relevância da próxima rodada de Contribuições Nacionalmente Determinadas, NDCs. Esses compromissos serão apresentados no início de 2025, antes das negociações da Conferência das Nações Unidas sobre o clima, COP30, no Brasil.
Desastres climáticos mais frequentes e intensos
Mesmo se cumpridas, essas contribuições nacionais limitariam o aumento da temperatura a 2,6-2,8°C.
O secretário-geral descreveu a situação como uma “corda bamba planetária”. Em mensagem de vídeo, apresentada em Paris, António Guterres ressaltou que em 2023 as emissões de gases com efeito estufa aumentaram 1,3%, atingindo o nível mais alto de todos os tempos.
O líder da ONU ressaltou que essas emissões precisam cair 9%, todos os anos, até 2030 para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C e evitar o pior das alterações climáticas.
Para ele, existe uma ligação direta entre aumento das emissões e desastres climáticos cada vez mais frequentes e intensos. Guterres acredita que o recorde de lançamento de gases nocivos provoca “temperaturas recordes do mar impulsionando furacões monstruosos”.
O secretário-geral adicionou que o calor recorde está “transformando as cidades em saunas” e causando chuvas intensas, responsáveis por “inundações bíblicas”.
Ações urgentes para a COP29
Em novembro, o Azerbaijão vai abrigar a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, COP 29. O evento deve impulsionar o progresso na redução de gases com efeito estufa em todos os setores da economia.
Guterres pediu que os países se da “libertem dependência dos combustíveis fósseis”, implementem energias renováveis ??e revertam o desmatamento.
Para ele, a reunião precisa debater fontes inovadoras de recursos, como taxação sobre a extração de combustíveis fósseis e maior financiamento para medidas de mitigação. Uma revelação positiva do relatório, divulgado nesta quinta-feira, é que tecnologias existentes e acessíveis podem assegurar as reduções necessárias até 2030 e 2035, para cumprir o limite de 1,5°C.
Soluções possíveis
Segundo o levantamento, o aumento da implementação de tecnologias solares fotovoltaicas e de energia eólica poderia proporcionar 27% do potencial de redução até 2030 e 38% até 2035.
O texto também argumenta que as florestas poderiam concretizar cerca de 20% deste potencial em ambos os anos. Este potencial ilustra que é possível cumprir as metas de triplicar a energia renovável, abandonando os combustíveis fósseis e conservando a natureza e os ecossistemas.
A série de relatórios sobre a Lacuna de Emissões do Pnuma, agora na sua 15a. edição, fornece uma revisão anual da lacuna entre o rumo que as emissões globais estão tomando e os compromissos atuais dos países e apresenta soluções.