• 09 de julho de 2015
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
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Relatório propõe medidas para reduzir até 96% das emissões em 2030

Recomendações sugerem ação climática mais forte para gerar crescimento econômico

Por Sávio de Tarso, da Envolverde

Um conjunto de dez recomendações visando acelerar a transição para uma economia de baixo carbono nos próximos 15 anos é o que propõe o Relatório 2015 Nova Economia do Clima, divulgado pela Comissão Mundial sobre Economia e Clima. O documento “Aproveitando a Oportunidade Global: Parcerias para Crescer Melhor e um Clima Melhor” sugere que as propostas representam oportunidades para promover uma ação climática mais robusta, produzindo simultaneamente benefícios econômicos significantes, capazes de permitir uma ambição maior nas metas dos países que estão sendo anunciadas para a Conferência do Clima de dezembro em Paris. Adotadas em conjunto, diz o estudo, as recomendações têm a condição de alcançar ao menos 56% — e potencialmente até 96% — de redução das emissões necessária em 2030 para manter o aquecimento global abaixo dos 2°C. A Comissão Mundial foi criada em 2013 com o objetivo de fornecer aos governos, empresas e à sociedade informações capazes de ajudar a conduzir a economia na direção da prosperidade ao mesmo tempo que enfrentam a mudança climática.

“Existem muitas maneiras de colocar as estruturas de incentivos no lugar certo” – comentou o economista Nicholas Stern, presidente da Academia Britânica e copresidente da Comissão, numa entrevista coletiva que antecedeu ao lançamento do relatório. Ele defendeu penalizações econômicas para emissores de gases de efeito-estufa em todos os níveis da sociedade, pois é preciso mostrar que todas as atividades podem ter consequências para a mudança climática. Disse ainda que é necessário acabar com os subsídios aos combustíveis fósseis, transferindo recursos para tecnologias que não produzem emissões de gases-estufa. “Você começa a ter um mercado de carbono quando todos esses incentivos estão disponíveis” – acrescentou, informando que o documento descreve como se pode implementar esses mecanismos em todos os níveis da sociedade.

O ex-presidente do México Felipe Calderón, copresidente da Comissão, disse que os países da América Latina devem adotar mecanismos mencionadas no relatório para reduzir o desmatamento – principal causa das emissões regionais. Chamou atenção, ainda, para o fato de que “nos países em desenvolvimento é preciso superar a mentalidade de ficar culpando uns aos outros”, porque sem esforços de todos não será possível manter o aumento da temperatura média global abaixo dos 2°C. “E não estamos falando apenas dos benefícios climáticos, mas também das oportunidades econômicas para os países da região, que podem contribuir muito para melhorar da qualidade de vida dos nossos povos.”

Em linhas gerais, as dez recomendações do Relatório (íntegra aqui) são:

1. Acelerar a descarbonização das grandes cidades;

2. Restaurar e proteger paisagens agrícolas e florestais, e aumentar a produtividade agrícola;

3. Investir ao menos US$ 1 trilhão ao ano em energia limpa;

4. Elevar os padrões da eficiência energética ao melhor nível possível;

5. Implementar efetivamente a precificação do mercado de carbono, e acabar com subsídios aos combustíveis fósseis;

6. Integrar os riscos climáticos no desenvolvimento de políticas e planos para uma nova infraestrutura;

7. Estimular a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias de baixo carbono;

8. Aumentar a participação de investidores e negócios nas atividades de baixo carbono;

9. Ter maior ambição para reduzir a aviação internacional e as emissões marítimas;

10. Reduzir gradualmente o uso de HFCs (gases-estufa usados em refrigeração, entre outros fins).

Empresas contempladas