• 06 de março de 2015
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
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Rio Branco registra a maior cheia dos últimos 132 anos

Enquanto o Sudeste brasileiro sofre com a falta de chuvas, no outro extremo do País a situação é bastante diferente – o Rio Acre, que atravessa todo o Estado de mesmo nome, no norte do Brasil, passa por uma cheia histórica, que desde a semana passada causa enormes prejuízos à população de vários municípios.

Nesta quinta (5) pela manhã, o Rio Acre marcava um altura de 18,34 metros, quando o normal seria de apenas 14 metros. Números oficiais dão conta de que somente na capital Rio Branco 2.260 famílias, mais de nove mil pessoas tiveram que sair de suas casas.

Essa é a maior cheia já registrada desde que a medição da altura do rio começou a ser feita, em 1883. O índice mais alto atingido pelo Rio Acre até então era de 17,66 metros, fenômeno ocorrido em 1997.

A situação em Rio Branco é atípica: mais de 53 bairros da capital foram invadidos pelas águas e mais de 83 mil pessoas sofrem com as consequências da cheia. O governo acreano calcula que 24 mil imóveis tenham sido afetados e, no último domingo, dia 1º, o prefeito Marcus Alexandre decretou estado de calamidade pública.

Mudanças climáticas

O coordenador-adjunto do Programa Amazônia do WWF-Brasil, Ricardo Mello, chamou a atenção para o fato de que o rio ainda deve subir, agravando os prejuízos.

“Apesar de não termos uma única explicação para esse fenômeno, o aumento da frequência e da intensidade dos ciclos de enchentes e secas que estamos vivendo nos leva a perguntar se esse desequilíbrio não é causado pela ação do homem, parte do processo que conhecemos como ‘mudanças climáticas’. As chuvas que deveriam ir ao Sudeste ficaram por aqui e estão causando um grave problema para nós”, disse o coordenador.

Ricardo lembrou que o WWF-Brasil possui uma sede em Rio Branco – que foi fechada por causa da enchente – e que a organização trabalha há mais de dez anos junto ao Governo do Acre desenvolvendo ações e projetos de conservação.

“No momento, todos os órgãos públicos e organizações estão voltados para o atendimento aos desabrigados, que são as pessoas que mais necessitam de atenção agora”, afirmou.

Ricardo declarou, porém, que a sociedade brasileira deve estar atenta e que certas medidas de adaptação, como recuperação de matas ciliares e ações de ordenamento urbano, devem ser tomadas para que situações como essa não se repitam.

Solidariedade

O WWF-Brasil se solidariza com o drama dos acreanos e pede apoio à campanha Acre Solidário, iniciada pelo Governo do Estado para dar assistência aos desabrigados. O foco da campanha é arrecadar principalmente alimentos não perecíveis.

Em Rio Branco, os donativos podem ser entregues em vários órgãos públicos, como na Central de Serviço Público (OCA), na Avenida Brasil; no Palácio das Secretarias; no Quartel da Polícia Militar; na Casa Civil; e nas secretarias e autarquias estaduais.

Pessoas de fora do Acre que querem ajudar podem obter informações nos telefones (68) 3215- 2811 e (68) 9205-5089 e receber orientações. O Banco do Brasil criou também uma conta corrente para receber depósitos: conta corrente 500-2, agência 0071-X.

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