• 01 de novembro de 2011
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
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Rússia pode passar Brasil em compensações de CO2

Maior país do mundo deve expedir 142 milhões de unidades de redução de emissões sob o mecanismo de Implementação Conjunta entre 2008 e 2012 e pode se tornar terceiro maior fornecedor de créditos de compensação de carbono, atrás apenas da China e da Índia




No Brasil, dizer que “a coisa está russa” significa que algo não está dando certo ou não vai bem, mas pelo menos em relação ao mecanismo de Implementação Conjunta (IC) essa expressão talvez tenha que ser reconsiderada. Segundo a CDC Climat Research, o maior país do mundo deve emitir, entre 2008 e 2012, 142 milhões de unidades de redução de emissões (ERUs). Com esse salto dos projetos sob a IC no país, a situação ficará “russa” é para o Brasil, que deve perder sua posição de terceira nação com mais emissões de créditos de compensação.

O sistema de IC, assim como o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), é um dos mecanismos de flexibilização do Protocolo de Quioto criado com o objetivo de ajudar os países desenvolvidos a cumprirem suas metas de redução de gases do efeito estufa (GEEs).

A diferença é que enquanto as Reduções Certificadas de Emissões (RCEs) – as unidades de compensação do MDL – não precisam ser subtraídas das emissões totais do país onde são geradas, já que estes não têm metas de redução dentro do Protocolo de Quioto, as ERUs necessitam ser descontadas do total de emissões de uma nação, pois esta tem um compromisso no Protocolo. Os projetos de IC são desenvolvido em economias em transição, como os países do leste europeu.

Na Rússia, a exploração do mecanismo de IC é recente, tendo aumentando consideravelmente em julho de 2011, quando a emissão de ERUs era de 5,5 milhões, pouca se comparada às quase 25 milhões da Ucrânia, país vizinho muito menor. A mudança se deu em junho deste ano, quando o presidente russo Dmitry Medvedev anunciou que o país precisava estimular o sistema de IC antes do fim do primeiro período do Protocolo.

Os primeiros resultados da nova posição presidencial começaram a aparecer já nos meses seguintes, quando quase 17 milhões de ERUs foram emitidas em julho e agosto e uma proposta para o registro de projetos de IC de até 70 milhões de ERUs foi lançada em agosto. Com isso, a Rússia pretende até 2013 emitir 142 milhões de ERUs, se tornando o terceiro país com mais compensações de CO2, perdendo apenas para a China e para a Índia.

Mas se a liberação de tantas ERUs vai alavancar a situação da Rússia no mercado mundial de carbono, o mesmo não se pode dizer do próprio mercado. Com essa grande oferta créditos de carbono, o preço das compensações poderá cair ainda mais, desvalorizando as transações.

“Esse aumento no fornecimento de ERUs provavelmente pressionará o preço dos créditos de Quioto, já que o maior mercado de carbono, o Sistema de Comércio de Emissões da UE, já está sofrendo excesso de oferta de permissões, enquanto a incerteza pós-2012 em relação aos resultados das negociações internacionais, assim como os impactos negativos da crise de débito da zona do euro, estão colocando lenha extra na fogueira”, concluiu a CDC.




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