Monitoramento da Amazônia passa a usar imagens de radar, via satélite, para identificar áreas desmatadas mesmo com tempo nublado.
O combate ao desmatamento na Amazônia ganhou, nesta quarta-feira, uma nova ferramenta que deverá contribuir para fechar ainda mais o cerco à supressão ilegal de vegetação no bioma. Um novo sistema de alerta, desenvolvido pelo Centro Gestor Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Cenispam), órgão do Ministério da Defesa, detecta áreas desmatadas de até seis metros, mesmo que o tempo esteja nublado.
Com base em imagens de satélites, fornecidas por sensores orbitais de Radar de Abertura Sintética (SAR), o SIPAMsar, sistema integrado de alertas de desmatamento, passa a rastrear áreas indicadas como prioritárias pelo Ibama e ICMBio. A expectativa é de que os alertas, gerados inicialmente para áreas de corte raso, possam fornecer, em breve, dados sobre áreas onde o desmatamento se encontre em estágio inicial.
O sistema fornecerá informações valiosas aos órgãos responsáveis pelas ações de fiscalização estaduais, Ibama e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A fiscalização poderá antecipar ações de combate que evitem o aumento de área onde o desmatamento esteja no início. Gerados desde 2007 pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) os alertas de desmatamento são feitos a partir de imagens de satélites obtidas por dispositivos óticos e divulgados anualmente. Porém, esses dispositivos são ineficazes sob tempo nublado, gerando dificuldades como captar o desmatamento no Amapá, coberto por nuvens praticante o ano inteiro.
Os alertas do sistema do Inpe cobrem, em períodos secos, as mesmas áreas que SIPAMsar, gerando dados estatísticos divulgados anualmente. A nova tecnologia vai permitir a aquisição de dados mesmo em períodos de chuva, que começa em outubro na região amazônica. Os dados gerados pelos centros regionais de Belém, Manaus e Porto Velho serão processados em Brasília e deverão estar disponíveis no curto prazo. “É uma evolução no monitoramento do desmatamento da Amazônia, permitindo uma atuação mais célere das equipes de fiscalização do Ibama e ICMBio”, explica Rene Oliveira, chefe da Fiscalização do Ibama.
O secretário de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, José Pedro de Oliveira Costa, representou o ministro José Sarney na cerimônia de lançamento do novo sistema. Participaram do evento, também, a presidente do Ibama, Suely Araújo, o presidente do ICMBio, Ricardo Soavinski, e parlamentares de estados amazônicos.
OPERAÇÃO
Os primeiros resultados do novo sistema, financiado com recursos do Fundo Amazônia e do governo federal, já chegaram ao Ibama. Imagens colhidas desde o ano passado cobriram, mensalmente, uma área de 300 mil Km² em estados da Amazônia. Foram analisadas 2.852 imagens e disparados mais de 20 mil alertas de desmatamento, identificando uma área desmatada superior a 370 hectares.
De acordo com o ministro da Defesa, Raul Jungmann, o sistema foi desenvolvido também para ajudar no combate ao narcotráfico, garimpo ilegal e para identificar aeroportos clandestinos na Amazônia. Por razões estratégicas os alertas não serão de conhecimento público para evitar que as informações sobre operações sejam conhecidas previamente pelos infratores.