• 10 de maio de 2022
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
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Temperatura média global tem 50% de chance de ultrapassar 1.5°C até 2026

Estudo de agência da ONU aponta que probabilidade de superar meta vem crescendo rapidamente; próximos cinco anos devem ter médias mais quentes e ultrapassar registros de 2016, marca mais alta até agora; chuvas devem aumentar nos trópicos.


De acordo com novos dados climáticos da Organização Meteorológica Mundial, OMM, há uma probabilidade de 50% de que a temperatura média anual do planeta supere transitoriamente em 1.5°C nos níveis pré-industriais nos próximos cinco anos.


Segundo o levantamento, as chances de a elevação da temperatura global ultrapassar 1.5°C aumentou de forma constante desde 2015, quando estava perto de zero. Para os anos entre 2017 e 2021, subiu para 10% e, para o período até 2026, saltou para quase 50%.



A perda das camadas de gelo acelera o aquecimento global.
Foto: © NASA/Kathryn Hansen
A perda das camadas de gelo acelera o aquecimento global.


Médias mais altas
O estudo ainda mostra que há uma chance de 93% de pelo menos um ano até 2026 se tornar o mais quente já registrado e superar os níveis de 2016. Também há uma probabilidade superior a 90% de que a média de temperatura dos próximos cinco anos supere o mesmo período anterior.


O secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, alerta que o mundo está se aproximando de atingir, temporariamente, a meta mais baixa do Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas.


Ele explica que o valor de 1.5°C não é uma “estatística aleatória”, mas um indicador do ponto em que os impactos climáticos se tornarão cada vez mais prejudiciais para as pessoas e para todo o planeta.


Segundo Petteri Taalas, enquanto houver emissão de gases de efeito estufa, as temperaturas seguirão subindo.


O secretário-geral da OMM acrescenta que, como consequência, os oceanos continuarão a se tornar mais quentes e ácidos, o gelo marinho e as geleiras continuarão a derreter, o nível do mar avançará e o clima se tornará mais extremo.



A poluição do ar pelas usinas de energia contribui para o aquecimento global
Unsplash/Marek Piwnicki
A poluição do ar pelas usinas de energia contribui para o aquecimento global


Acordo de Paris
A OMM lembra que o Acordo de Paris estabelece metas de longo prazo para orientar todas as nações a reduzir drasticamente as emissões globais de gases de efeito estufa para limitar o aumento da temperatura global neste século a 2°C, enquanto busca esforços para limitar ainda mais o aumento a 1.5°C.


Segundo os especialistas, um único ano acima da meta de 1.5°C não significaria que o limite do Acordo de Paris foi violado, mas revela que se está, cada vez mais perto, de uma situação em que o limite pode ser excedido por um período maior.


Em 2021, a temperatura média global ficou 1.1 °C acima da linha de base pré-industrial, de acordo com o relatório preliminar da OMM. O levantamento final do Estado do Clima Global para 2021 será divulgado em 18 de maio.


Segundo a OMM, eventos consecutivos de La Niña no início e no final de 2021 tiveram um efeito de resfriamento nas temperaturas globais, mas isso é apenas temporário e não reverte a tendência de aquecimento global de longo prazo.


A agência explica que qualquer desenvolvimento de um evento El Niño alimentaria imediatamente as temperaturas, como aconteceu em 2016, que é até agora o ano mais quente já registrado.



Tempestade de categoria 4 destruiu casas, inundou terras e forçou dezenas de milhares de vítimas a fugir
Acnur//Juliana Ghazi
Tempestade de categoria 4 destruiu casas, inundou terras e forçou dezenas de milhares de vítimas a fugir


Precipitações
Outras previsões da OMM sugerem que os padrões de precipitação previstos para 2022 em comparação com a média entre 1991 e 2020 apontam mais chances de condições mais secas no sudoeste da Europa e sudoeste da América do Norte, e mais úmidas em áreas como o norte da Europa, Sahel, nordeste do Brasil e Austrália.


Os padrões de precipitação previstos para a média de maio a setembro de 2022 a 2026, em comparação com a média de 1991 a 2020, sugerem uma maior chance de condições mais úmidas no Sahel, norte da Europa, Alasca e norte da Sibéria e mais secas na Amazônia.


Os padrões de precipitação até 2026 devem aumentar nos trópicos e reduzir nos subtrópicos, consistente com os padrões esperados do aquecimento climático.

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