• 08 de maio de 2017
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
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Trump coloca defensores do clima em uma encruzilhada

O debate sobre a adesão dos Estados Unidos ao acordo climático de Paris teve um rumo estranho esta semana. Na ânsia de manter o governo de Donald Trump à frente das discussões, figuras-chave do governo americano reforçaram que o presidente tinha o direito legal de diluir o compromisso dos EUA.



Os ex-negociadores dos EUA, Todd Stern e Susan Biniaz, têm dito a quem queira ouvir que, embora o Acordo de Paris incentive os países a aumentar sua ambição de cumprir as metas, não proíbe movimentos em outra direção. Eles já sabiam disso e imaginavam um cenário como o atual quando ainda discutiam o acordo. O comissário do clima da UE, Miguel Arias Cañete, falou sobre isso quando disse ao Financial Times que os EUA poderiam “traçar seu próprio caminho”. Foi deixado ao ex-diplomata francês Laurence Tubiana lembrar a todos do espírito do acordo: não retroceder.



Isso tudo acontece em resposta à persistência dos conselheiros anti-Paris de Trump. O chefe do Meio Ambiente, Scott Pruitt, argumenta que ficar no acordo pode dar munição àqueles que se opõem a uma revisão das regras climáticas dos países. O ponto que ele reforça é que grupos “verdes” prometem lutar contra a agenda de Trump, reconhecidamente favorável ao carvão, por meio dos tribunais.



A incoerência entre a política dos EUA e o seu compromisso com o Acordo de Paris é inevitável. Em um movimento extraordinário de apontar o argumento de Pruitt, o Sierra Club, uma associação ambiental das mais importantes dos Estados Unidos, vazou um trabalho de consultoria jurídica que diz que seria improvável o ganha de causas contra Trump no sentido de enfraquecer as promessas do clima dos EUA.



O ponto positivo desta disputa prolongada na Casa Branca é que os mais ferozes detratores consideram o Acordo de Paris um pacto muito sério. Ao contrário do que dizem alguns comentaristas, não o descartam como um gesto simbólico vazio. As implicações políticas do Acordo têm algum peso para eles. Mas se o preço de manter os EUA na mesa é dar a Trump um passe livre sobre as emissões, será que vale a pena?


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