• 28 de dezembro de 2020
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
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Tráfico ilegal de madeira, a perda acelerada e silenciosa na Floresta Amazônica

Por Amanda Carolina



Conhecida como o pulmão do Planeta Terra, caracterizada por imensas árvores e também de pequeno porte espaçadas a Amazônia silenciosamente está sendo devastada, o cenário  que se vê hoje é bem diferente das antigas e frondosas da floresta amazônica, que fascinam o mundo e são objeto de grandes programas de conservação. A devastação da Amazônia é histórica e a preservação da floresta está longe de acontecer, o que deveria ser um manejo sustentável trouxe pouco resultado para esse velho embate. Estudos recentes mostram que mais de 90% do desmatamento no país é realizado ilegalmente e a exploração florestal possui índices parecidos. Além do impacto ambiental e do prejuízo fiscal, a ilegalidade impune gera concorrência desleal para aqueles que operam dentro da lei.

Dá-se o nome de manejo sustentável ao conjunto de práticas para corte de madeira que respeita o tempo de regeneração da floresta, onde o volume é limitado a partir de um cálculo numérico. No geral, são 30 metros cúbicos de madeira, ou cerca de quatro a seis árvores por hectare, em ciclos de 35 anos, obedecendo as regras de escolha das espécies para evitar a extinção das árvores raras e preservar a fauna, sendo duas formas legais de se explorar madeira na Amazônia, nas florestas públicas funciona o modelo de concessão, em áreas privadas, por meio de planos de manejo autorizados pelos estados. Essa lei do manejo criada para promover instrumentos de mercado que auxiliem o crescimento da economia verde no Brasil, vai além, as irregularidades permeiam 90% da cadeia de madeira, sendo 50% da madeira oriunda da Amazônia ser explorada ilegalmente, pelo menos outros 40% contêm algum tipo irregularidade, como fraudes em documentação ou uso de trabalho escravo.  

A pesquisadora Joice Ferreira, da Embrapa Amazônia Oriental e uma das fundadoras da Rede Amazônia Sustentável (RAS), lembra que há um papel importante a ser exercido pelo consumidor. “É preciso que os compradores cobrem a documentação da madeira que estão adquirindo. Só existe ilegalidade porque há mercado.” O Documento de Origem Florestal (DOF) acompanha a madeira sempre que ela é transportada da floresta à prateleira. O problema é que nem todos os estados usam o DOF, que é de controle do Ibama. Entre os que têm seu próprio sistema estão Pará e Mato Grosso, responsáveis por 70% da madeira que é comercializada no país, segundo relatório da BVRio.

As políticas para o manejo sustentável também precisam andar de mãos dadas com o que sugerem os que entendem de saúde da floresta, deve haver mecanismos que garantam que a exploração de madeira não servirá de porta de entrada para desmatadores e caçadores, além de se evitar a concessão de exploração em áreas remotas, com alto grau de preservação, para que se mantenham protegidas, resguardar matas completamente livres de qualquer intervenção humana, para que possam servir de fonte para trazer outras florestas de volta à vida.

Desmatamento é uma das palavras mais ouvidas quando o tema é Amazônia, e o que mais nos preocupa com a floresta é o alto índice de queimadas e exploração acelerada. Mas essa é apenas uma parte da história. Segundo uma equipe de pesquisadores brasileiros e estrangeiros que desde 2009  monitora a saúde da floresta no Pará ocupar-se apenas do desmatamento resolve menos do que a metade dos desafios impostos à biodiversidade do ecossistema mais rico do Planeta, isso porque há um vilão mais sorrateiro, persistente e negligenciado: a degradação.

Degradação florestal significa o resultado do conjunto de perturbações, a perda de biodiversidade e redução de funções ecológicas, ou seja, que ocorrem por influência humana e a respeito da floresta continuar de pé e no desmatamento, também chamado de corte raso, a floresta desaparece por completo para dar lugar ao pasto, à monocultura ou, eventualmente, ao simples abandono, já a degradação, por outro lado, disfarça-se melhor.Esses distúrbios são amplamente conhecidos e afetam a Amazônia há décadas. Grandes algozes são a extração predatória de madeira e o fogo, além da caça de animais e a fragmentação da floresta para dar lugar a cultivos agrícolas. 



A abertura de estradas facilita o avanço para o interior da mata, o que favorece a exploração de madeira e o ingresso de caçadores ilegais, a atividade madeireira predatória, por sua vez, colabora para tornar a floresta mais suscetível ao fogo, proporcionando mais incêndios, o que torna difícil de controlar.



E a demanda por produtos madeireiros, a extração legal e ilegal de madeira é uma causa importante da destruição da floresta amazônica. A floresta tropical é objeto de exploração econômica pela possibilidade de extração de madeira, caça e matéria prima para materiais de construção. A derrubada de árvores está intimamente ligada à construção de rodovias e a movimentos migratórios e o acesso rodoviário facilita a entrada na mata e a extração seletiva de madeira.



A extração legal e sustentável de madeira, é  uma fonte de renda de longo prazo, mas na maioria das vezes a atividade não é feita de acordo com esses padrões, é muito comum que pessoas e empresas interessadas na exploração madeireira de forma ilegal, o que provoca vários impactos de amplo alcance, inclusive a fragmentação do habitat das espécies e muitas outras perdas.



E muitas dessas grandes áreas de floresta são griladas e vendidas a preços  abaixo de mercado, através de documentos falsos para garantir o sucesso do negócio ilegal em terras públicas, e infelizmente as  instituições estatais não conseguem ter controle total sobre essas ocupações ilegais. E com isso, entram num esforço apressado de maximizar a extração de madeira e obter a maior quantidade de lucro o mais rapidamente possível. 

Mesmo existindo leis que autorizem a exploração madeireira em áreas específicas, a extração ilegal de madeira está amplamente expandido na Floresta Amazônica e em vários países amazônicos e essas operações extrativas ilegais acontecem em áreas florestais remotas, caracterizada por uso de licenças falsas, corte de qualquer árvore comercialmente valiosa, independentemente de quaisquer árvore protegida por lei, corte em quantidades superiores às cotas permitidas por lei, corte fora de áreas de concessão florestal e corte dentro unidades de conservação e terras indígenas.



 



 


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