• 18 de janeiro de 2017
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
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Um novo padrão mental para as empresas

Tudo que disser e fizer será usado a seu favor!



Sabemos que muitos são os motivos que levam as empresas a elaborar sua estratégia de Sustentabilidade. Há aquelas que atuam por coerção, nesta caso a atuação de responsabilidade socioambiental é um grande fardo a ser cumprido devido a obrigatoriedades legais e de pressões sociais. Há aquelas que atuam por conveniência, ou seja, não devido a obrigatoriedades legais, mas porque enxergam nestas ações uma oportunidade de fazer marketing e vender a imagem da empresa. E há aquelas que atuam por convicção, acreditam que é necessário, em meio ao caos ambiental e social que atinge atualmente todas as partes do planeta, exercer um papel consciente e forte na luta em favor do meio ambiente e da humanidade.



Notório é que uma empresa sozinha não pode se responsabilizar e nem teria como mudar toda uma sociedade, mas certamente esta mesma empresa tem como rever e reavalizar todo o seu processo produtivo. Partindo do princípio de que as ações das empresas, em escala evolutiva, sejam cada vez mais pautadas pela convicção e auto-responsabilização. É importante enfatizar que a atuação só terá resultados e será eficiente a medida em que os valores socioambientais estejam intrínsecos, desde seus princípios organizacionais até sua forma de fazer negócios. É essencial que a abordagem do tripé da Sustentabilidade, a perspectiva de valor compartilhado e de desenvolvimento, para além do crescimento econômico, pautem a discussão, transferindo a sustentabilidade da periferia para o centro da estratégia de negócio.



Para que as empresas atuem de forma sustentável devem ampliar redes de relações, ouvir todos os públicos com os quais se relaciona e estar aberta ao processo continuo de construção de conhecimento, em outras palavras tratam-se de processos multidimensionais, multistakeholder e muldisciplinares.



Legitimidade é também um ponto crucial para que um processo de responsabilidade social caminhe de forma adequada. Um grupo ou um líder somente será ouvido e conseguirá cumprir seu papel a medida em que tenha reputação e credibilidade junto aos demais. Além de poder, que aqui perde completamente qualquer sentido pejorativo para ser interpretado como a capacidade real de resolver as questões necessárias. E a urgência que por muitas vezes é esquecida pelas empresas em sua atuação, quando ao chegar em uma comunidade ou interagir com algum segmento ao qual pretende ajudar, parte se sua própria realidade por muitas vezes cometendo equívocos. Infelizmente não é raro ver uma empresa investindo em saúde em uma comunidade que precisa urgentemente de educação, ou investindo em lazer em cultura em uma comunidade com graves problemas de saneamento básico. É crucial que no processo de investimento as empresas considerem cada vez mais quais são as urgências da localidade onde estão inseridas.



A responsabilidade socioambiental já faz parte da realidade empresarial e se consolida enriquecendo e transformando conceitos. Não basta que uma avaliação seja quantitativa, precisa ser também qualitativa e mais ambas as variáveis devem ser avaliadas juntas. E a sustentabilidade se liberte da diretriz jurídica onde “tudo que disser poderá ser usado contra você” para uma perspectiva na qual a comunicação transparente e responsável é uma estratégia empresarial para evitar ou gerenciar crises e fortalecer a reputação das empresas.



Liliane Rocha é diretora Executiva da empresa Gestão Kairós (www.gestaokairos.com.br), mestranda em Políticas Públicas pela Fundação Getúlio Vargas, MBA Executivo em Gestão da Sustentabilidade na FGV, Extensão de Gestão Responsável para Sustentabilidade pela Fundação Dom Cabral, graduada em Relações Públicas na Cásper Líbero. Gestora com 11 anos de experiência na área de Responsabilidade Social tendo trabalhado em empresas de grande porte – tais como Philips, Banco Real-Santander, Walmart e Grupo Votorantim. Escreve mensalmente para a Envolverde sobre Diversidade. 


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