• 18 de março de 2013
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
  • 621

Uma boa notícia para os ornitólogos

Fundo Britânico de Ornitologia revela que algumas populações de pássaros estão aumentando, apesar das mudanças climáticas.

Observadores de pássaros britânicos estão acostumados a receber notícias ruins. Os números dos pardais-domésticos caíram de estimados 30 milhões em 1966 para 10 milhões hoje. Tornou-se raro avistar um maçarico, e sua população diminuiu em 50% em 15 anos. Cucos, outrora visitantes frequentes da África, tiveram seu total reduzido em 63% no sudeste nas últimas duas décadas. Primaveras antecipadas que confundem os pássaros migratórios, técnicas de agricultura mais eficientes e a transformação de prédios abandonados (bons para a construção de ninhos) em habitações modernas contribuíram para essa crise.

Mas dados divulgados pelo Fundo Britânico de Ornitologia (BTO, na sigla em inglês), uma instituição de pesquisa sem fins lucrativos, sugerem que algumas populações estão aumentando. A pesquisa, que monitora as populações de pássaros por meio de estudos frequentes, revela o retrato mais claro até hoje de 49 espécies espalhadas por toda a Grã-Bretanha.

Toutinegras-de-barrete-preto, pequenos pássaros naturais da Alemanha e do leste europeu, estão ficando por mais tempo após sua temporada de verão: desde 1967 seus números aumentaram em 177%. A garça-branca-pequena, um pássaro semelhante à garça-branca-grande, chegou da Europa continental em 1989 e agora sua população já conta com mais de 5 mil espécimes. Pombos-torcaz, outrora encontrados apenas em florestas, conquistaram as cidades e os subúrbios.

Mudanças ambientais e de agricultura tanto desorientaram quanto ajudaram os pássaros. Técnicas de cultivo modernas permitem que grãos sejam plantados no outono em vez de no verão; isso ajuda os pombos-torcaz a se alimentarem no inverno. Invernos mais quentes significam que há menos chances de os rios e lagos congelarem, o que aumenta a oferta de alimentos para as pequenas-garças-brancas. James Pearce-Higgins do BTO afirma que os toutinegras-de-parrete-preto se beneficiam especialmente do aumento da popularidade do cultivo de bagas silvestres (tais como sorva e teixo) em jardins particulares.

* Texto traduzido e adaptado por Eduardo Sá.

** Publicado originalmente na revista The Economist e retirado do site Opinião e Notícia.

Empresas contempladas