Urbanização desenfreada representa ameaça ao planeta
Nos próximos 20 anos a expansão das cidades ocupará uma área equivalente aos territórios da França, Alemanha e Espanha somados, e se não for bem planejada é um sério risco para o meio ambiente e para o clima
O crescimento que vai elevar a população de sete para nove bilhões de pessoas em 2050 será acompanhado pela expansão das cidades, que possuem uma imensa pegada ambiental e de carbono, e, assim, representam uma grande ameaça para o equilíbrio necessário para o bom funcionamento dos ciclos naturais do planeta.
Segundo dados das Nações Unidas, a população urbana vai passar de 3,5 bilhões para 6,3 bilhões até 2050 e a área ocupada pela expansão das cidades nos próximos 20 anos será equivalente aos territórios da França, Alemanha e Espanha somados.
As áreas urbanas foram responsáveis pela liberação de 70% das emissões de gases do efeito estufa em 2010, mais de 25 bilhões de toneladas métricas de CO2. Essa quantidade pode chegar a mais de 36 toneladas métricas em 2030.
“O atual padrão de urbanização coloca a humanidade em um severo risco devido a problemas ambientais. Cidades densamente povoadas precisam de mais planejamento para minimizar seus impactos tanto na natureza quanto no clima”, afirmou Michail Fragkias, da Universidade do Estado do Arizona.
O tema da urbanização ocupou boa parte do segundo dia da conferência “Mundo sob Pressão”, que está sendo realizada em Londres e é o maior evento sobre sustentabilidade antes da Rio+20 em junho.
Entre as sugestões apresentadas na conferência estão:
- Planejamento e investimentos em infraestrutura pública que facilitem o trânsito e a acessibilidade;
- Melhor uso da terra e do zoneamento, com padrões de construção que deem destaque para a eficiência e múltiplas funções;
- Reverter a tendência de residências cada vez maiores;
-Acabar com os subsídios que promovem a compra de veículos individuais;
-Utilizar o marketing social para estimular estilos de vida mais conscientes e sustentáveis.
“Tudo precisa ser trazido para as cidades, comida, água, produtos e energia. Precisamos repensar o fluxo de recursos da sociedade para que sejam conduzidos com sustentabilidade”, acrescentou Sybil Seitzinger, diretora executiva da Real Academia de Ciências da Suécia.
O potencial destrutivo da urbanização é bem conhecido, mas as cidades também oferecem a oportunidade de alcançar grandes melhoras globais, já que ações locais possuem impactos relevantes e podem ser replicadas em vários países.
“Realizar uma reengenharia das cidades é urgentemente necessário para a sustentabilidade global. Áreas urbanas precisam de melhores gestões para o transporte e para o lixo, e esse planejamento estratégico deve estar presente principalmente nas cidades que mais crescem, como nos países em desenvolvimento”, concluiu Shobhakar Dhakal, diretor executivo do Projeto Global de Carbono.
Autor: Fabiano Ávila