• 02 de julho de 2013
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
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Violência contra índios aumenta 237%

A disputa por terra continua a ser motivo para a morte de índios em todo o Brasil. Mas em 2012, esta guerra foi ainda mais dura para esta minoria, com crescimento da violência em 237%. É o que aponta o relatório lançado quinta-feira, dia 27 de junho, pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi). Os estados mais violentos são o Mato Grosso do Sul, o Maranhão e a Bahia.

A pesquisa do Cimi indica que 60 índios foram mortos no Brasil, no ano passado, o que representa nove mortes a mais do que em 2011. Mas os índices de violência também quantificam as ameaças de morte, as tentativas de homicídios, as lesões corporais e a violência sexual. O levantamento mostra que no ano passado 37 índios foram mortos em Mato Grosso do Sul, sete no Maranhão e quatro na Bahia, informou o Greenpeace.

Coordenado pela antropóloga Lúcia Helena Rangel, doutora pela PUC-SP, o estudo aponta que a degradação ambiental também está entre as causas da violência, por conta da invasão de madeireiros. Além disso, a lentidão na homologação das terras tem dificultado a delimitação de território para garantir segurança aos índios.

“Onde há disputa de terra há violência e violação de uma série de outros direitos. Nos últimos tempos, após a aprovação do novo Código Florestal, houve um aumento significativo e visível da retirada ilegal de madeira e do assédio contra territórios indígenas”, concluiu a antropóloga.

Guaranis Kaiowás são 56% dos índios assassinados em 2012

Noticiada constantemente em 2012, a busca pela homologação das terras para os índios da etnia Guaranis Kaiowás no Mato Grosso do Sul não foi finalizada. O governo Federal ainda não legalizou a situação desses povos. Culmina com essa luta, o fato de que entre os 60 índios assassinados no ano passado, 34 eram Kaiowás. Ou seja, 56% de todas as mortes ocorreram entre eles.

Em outubro 2012, o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo alegou que “A questão da demarcação de terras indígenas é extremamente conflituosa. Nós temos decisões liminares que interrompem o processo. É difícil estimar um tempo para o próximo passo”.

“Na Amazônia, a violência, o trabalho escravo, a opressão contra os povos tradicionais e o desmatamento são íntimos e caminham de mãos dadas. O governo precisa de políticas públicas específicas e contundentes voltadas para essas populações. Mas o cenário que temos hoje é que nem mesmo os direitos já garantidos pela Constituição aos indígenas têm sido respeitados”, defendeu Kenzo Jucá, coordenador da Campanha Amazônia do Greenpeace.

E completou: “O preocupante quadro atual de violência no campo é uma realidade concreta, e alerta para a necessidade de o governo responder a isso, recolocando a pauta na agenda de debate, junto com as outras reivindicações legítimas que estão nas ruas”.

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